quinta-feira, 1 de março de 2012

Aposentadorias e mudanças com dúvidas

Aposentadorias e déficits com dúvidas
O Governo Federal finalmente “descobriu” o pesadelo que as aposentadorias poderiam representar e começa a trabalhar corajosamente para corrigir erros monumentais de nossa administração pública, esse é um deles.
Diante de tantas histórias ruins, é bom lembrar as boas e associá-las ao que acontece, um senso de humor pragmático.
Algumas (ou muitas) historinhas infantis mostram como agimos.
Uma revista dedicada ao Pato Donald e ao Peninha, que infelizmente perdi emprestando-a a um amigo, continha roteiros e desenhos (uma imagem vale por mil palavras) que nossos administradores poderiam usar sem qualquer erro como exemplo do que acontece, rotineiramente, na administração de empresas públicas e privadas. Os governos não são exceção.
Vamos aos fatos, como dizem.
Na primeira das 3 ou quatro historinhas um leão foge de sua jaula num desfile de circo (de antigamente), entrando na sala de redação do jornal “A Patada”, onde a dupla dormitava sobre suas máquinas de escrever. Com ar triunfante, a juba bem penteada e os dentes brilhando (era dia de desfile),  a fera olhou para os dois e fez algum rugido. Donald abriu os olhos sonolentos e se assustou um pouco. Acordou o Peninha, os dois olharam para o leão e não acreditaram no que viam. Um leão na redação da Patada? Não era possível. Assim por um tempo conversam entre si sobre a alucinação que estavam tendo, enquanto o rei das selvas ficava mais e mais encabulado, sem entender porque aquela dupla não o temia. Em termos técnicos e administrativos: no desenho genial e diálogo criados pelos produtores da revista a história mostra os efeitos de ações inesperadas (mas comuns) a um evento de perigo e de visão equivocada da realidade. Salvos pelos funcionários do circo, por muito pouco não viraram manchetes.
A segunda história veio de uma mensagem tipo palavra (tão ao gosto dos chefes e consultores) de ordem que o Tio Patinhas colocou para fazer sua equipe de funcionárias da gráfica do jornal funcionarem melhor e mais depressa. “Quero ver ação” ou algo parecido. Resultado: era só o chefe aparecer e todos se movimentavam, até apostando corrida em torno das rotativas ou fazendo ginástica no elevador olhando para o chefe e acreditando que o Patinhas estava gostando, com um detalhe, a tiragem do jornal caiu a zero, afinal todos estavam se movimentando. Só após uma mudança radical de atitude do dono da Patada ela começou a funcionar (ameaçou demitir todo mundo). O chefe superestimou a inteligência de sua equipe.
A terceira era uma “pegadinha” que os dois aprontaram na calçada usando um caixote, uma máquina fotográfica e a tentativa de registrar e comentar a curiosidade dos transeuntes. O Peninha dentro do cubículo (caixotão) e com uma potente máquina fotográfica (com flash e tudo) deveria registrar a olhadela indiscreta por um furo para dentro (os curiosos do lado de fora), de onde faria o flagrante. Aí começa a aflição do Donald querendo estimular a brincadeira e a reação errada do Peninha às dicas assim como dos pedestres. Resultado, quase levaram uma surra quando a armadilha se denuncia após o Donald dizer que lá dentro estava uma pata famosa. O próprio Peninha saiu do caixote querendo ver sua atriz... O parceiro (Peninha) não tinha capacidade para atuar naquele cenário.
Na história da Humanidade temos eventos semelhantes, destacando-se as palavras de ordem de ditadores transformadas em ações radicais pelo povo dominado e temeroso das antipatias dos burocratas, polícias secretas, forças disciplinadoras e fanáticas pelo chefe. No governo de Mao Tse Tung, por exemplo, as tragédias foram imensas (Mao Tsé-Tung). Os Hai Kai derrubaram o líder.
Por maior que seja a boa intenção de quem governa, o resultado pode ser catastrófico se mal compreendido e/ou usado por seus auxiliares, os cortesãos e os burocratas.
No Brasil temos muitos exemplos. A partir do Governo Collor virou moda fazer PDVs, os Planos de Aposentadoria Voluntários (exemplo (CEB urgente)), muitas vezes após a extinção da estatal, autarquia ou repartição a que pertenciam (remanejamento?). As empresas privadas e de capital misto gostaram disso, jogando para a carga do sistema previdenciário, precocemente, milhões de brasileiros além de perder funcionários ainda em fase produtiva e com conhecimentos irrecuperáveis.
Podemos até dizer que muitos formaram suas empresinhas de consultoria, quem mandava, contudo, eram os novos “executivos” de gravatinha e cheios de diplomas.
Esqueceram-se do custo da brincadeira, algo tão antigo que me lembro de ler em livros que meu pai tinha da França de antes da Segunda Guerra Mundial falando das polêmicas e políticas da aposentadoria francesa e seus serviços sociais. O tema é universal (Wikipédia L'Éncyclopédie libre) e na Europa é base de muitos movimentos políticos.
Com certeza deixar de trabalhar para viver com o dinheiro prometido pelo Governo ou fundações na “melhor idade”, como dizem alguns, é facilitado e estimulado no Brasil que aprendeu a desvalorizar seus trabalhadores mais velhos.
Os déficits, entretanto, começaram a preocupar. As fundações, por sua vez, sócias de concessionárias de serviços essenciais, não dispensam os juros altos, tarifas absurdas e outras formas de ganhar dinheiro sem muito risco.
Felizmente, apesar do desgaste, o Governo age, nem sempre de forma adequada (baixando aposentadorias, por exemplo).
Primeiro aumentou o tempo de contribuição (vale para os trabalhadores comuns, coitados), deverá voltar a usar essa estratégia, estamos vivendo cada vez mais e com saúde. Podemos trabalhar mais.
Nas duas contas, a do trabalhador INSS e do estatutário, as diferenças são enormes se considerarmos os benefícios por empregado do Governo e o potencial das suas corporações, ávidas por aumentos salariais.
O rombo do sistema (vale o conjunto) tem uma origem brutal entre os funcionários públicos, pessoas com direito à aposentadoria integral, quando não acrescentando benefícios e elevando seus salários de forma exorbitante. Obviamente a bomba explodiria.
O Governo Dilma Rousseff parece compreender que pode gastar um pouco de sua imagem corrigindo isso. Aliás, apesar de se ver obrigada a manter compromissos discutíveis, sempre que se coloca com liberdade de decisão impressiona bem.
Ótimo, parabéns, finalmente alguém disposto a segurar o touro pelos chifres! Torcemos para que as decisões sejam as melhores possíveis (Câmara conclui votação de fundo de previdência para servidor, 2012).
E os empregados da iniciativa privada continuarão recebendo pouco do sistema estatal apesar de contribuições pesadas para um fundo de aposentadoria que deveria garantir algo mais, quebrado pela inclusão maciça de trabalhadores sem poupança durante sua vida ativa e a utilização arbitrária e oportunista do dinheiro arrecadado.
Quando se aventuraram por programas privados muitos perderam tudo sob contratos mal feitos e a perversidade dos gestores dos fundos formados. Minha mãe, se estivesse viva, que o dissesse. Como isso pesou na sua vida...
Corrupção, desperdício, projetos errados etc. explicam também o rombo da previdência, montepios e fundações neste lado.
Ou seja, a sensação é a de que o bicho poderá pegar de qualquer jeito. Afinal, se as regras mudarem será criado um tremendo e bilionário fundo de reserva e investimentos.
Assim perguntamos ao Governo Federal e aos nossos legisladores como essa dinheirama será administrada, controlada e fiscalizada? Quem e como será aplicado o dinheiro a ser arrecadado com o fundo de aposentadoria a ser criado? Garantias? Ou será mais um contrato com cláusulas ocultas...
Será tenebroso descobrir outros “erros” quando a nova geração de funcionários públicos vier a requerer aposentadoria. Serão os filhos e netos nossos e de nossos amigos que perderão. Temos a obrigação de alertá-los para o que isso significa.
Para concluir, alguém confia em qualquer tipo de administração de dinheiro no Brasil? Háa! Esquecemo-nos da velhinha de Taubaté (com direito a verbete na Wikipédia (A Velhinha de Taubaté, 2012))...

Cascaes
1.3.2012
FONSECA, R. (s.d.). CEB urgente. Acesso em 1 de 3 de 2012, disponível em Tribunal de Contas o Distrito Federal:http://www.tc.df.gov.br/web/site/correio-brasiliense/-/asset_publisher/P7qC/content/ceb-urgente?redirect=%2Fweb%2Fsite%2Fcorreio-brasiliense
livre, W. -A. (1 de 3 de 2012). A Velhinha de Taubaté. Fonte: Wikipédia - A enciclopédia livre: http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Velhinha_de_Taubat%C3%A9
Mao Tsé-Tung. (s.d.). Acesso em 1 de 3 de 2012, disponível em uol Educação: http://educacao.uol.com.br/biografias/mao-tse-tung.jhtm
Passarinho, N. (29 de 2 de 2012). Câmara conclui votação de fundo de previdência para servidor. Fonte: G1: http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/02/camara-conclui-votacao-de-fundo-de-previdencia-para-servidor.html
Wikipédia L'Éncyclopédie libre. (s.d.). Retraite (économie). Acesso em 1 de 3 de 2012, disponível em Wikipédia L'Éncyclopédie libre: http://fr.wikipedia.org/wiki/Retraite_(%C3%A9conomie)